CUT receberá lideranças internacionais em fórum sobre transição justa
Encontro, que já teve edições na França e na Coreia, acontece em São Paulo para debater estratégias de mobilização sindical em nível global por uma transição energética justa com proteção aos trabalhadores
Escrito por 16 de outubro de 2023Nos dias 17 e 18 de outubro, datas que antecedem o 14° Congresso Nacional da CUT (CONCUT), será realizada em São Paulo, a terceira edição do Fórum Sindical Internacional por uma Transição Social e Ecológica. As edições anteriores foram realizadas em Paris, na França, em 2021, e em Seul, capital da Coréia do Sul, em 2022.
O evento organizado pela CUT, Fundação Rosa Luxemburgo e as centrais sindicais KCTU da Coreia do Sul e CGT da França terá presença de lideranças sindicais e de movimentos sociais de todos os continentes para discutir ideias, apresentar estratégias e debater sobre a transformação do sistema energético, as transições setoriais e as estratégias de fortalecimento dos trabalhadores na construção das relações de poder.
Voltado para os trabalhadores e as suas organizações, o evento é também um momento de trocas de experiências e informações, e construção de estratégias com os movimentos sociais em nível global. “Será uma oportunidade para compartilhar as experiências, propostas e lutas dos sindicatos e os seus aliados”, dizem os organizadores.
Entre essas experiências está a proposta da CUT sobre a crise climática e social. Leia aqui
A troca de experiências vivenciadas nos países sobre o tema é o fio condutor da atividade. O secretário-adjunto de Relações Internacionais da CUT, Quintino Severo, explica que o Brasil pretender contribuir com as experiências e lutas desenvolvidas aqui, pelo movimento sindical e movimentos sociais no tema transição justa, que envolve proteção aos trabalhadores em direitos e qualidade de vida e ao meio-ambiente, com o desenvolvimento sustentável.
Isso inclui sair de uma economia baseada na produção e carbono para uma economia com menos poluição, para construir mundo saudável com o meio-ambiente protegido.
“Essas experiências, com o avançar do tempo, ganharão os diversos setores produtivos e é importante ter articulação com outros países e organizações de perfil semelhante ao nosso”, diz o dirigente sobre a atuação do movimento sindical nos mais diversos setores.
“Debateremos e trocaremos experiências de cada pais. Cada um tem sua realidade e por isso é importante socializarmos essas experiências”, afirma Quintino.
Perfil
O objetivo do encontro é dar continuidade à atuação desenvolvida ao longo dos anos, desde a primeira edição do Fórum. Quintino Severo define como “um conjunto de sindicatos e organizações com visão progressista sobre o modelo de transição”, ao se referir aos participantes do Fórum.
A expectativa, segundo ele, é a partir das resoluções do encontro, fazer lutas conjuntas e campanhas na perspectiva de criar uma cultura no próprio movimento sindical e nas organizações para uma ação global. Quintino explica que nem todos os sindicatos, em nível mundial, tem a transição justa como pauta prioritária e é preciso criar essa consciência.
É uma luta que estamos incutindo na pauta dos trabalhadores. Nem toda a classe tem a compreensão sobre o é a transição justa. Menos carbono e mais sustentável, mas ainda é um processo de construção de consciência esse encontro serve par isso, criar a cultura na sociedade em especial trabalhadores, ou seja, levar debate para o local de trabalho é um dos objetivos
Participações
O fórum contará com especialistas e sindicalistas de todos os continentes, em especial da Europa e África. Já estão confirmadas presenças de representantes de organizações da Bélgica, Espanha, França, Argentina, Senegal, Congo, Zâmbia e diversos outros países.
Sindicatos globais já confirmaram presença. Entidades como a IndustriALL Global Union, que representa mais de 50 milhões de trabalhadores em mais de 140 países, a ICM (Internacional e Trabalhadores da Construção e Madeira), federação presente em 117 países, com mais de 350 sindicatos filiados, além de representantes da Confederação Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras das Américas (CSA), da Confederação Sindical Internacional (CSI) e da Internacional de Serviços Públicos (ISP).
Confederações cutistas e dirigentes da Central reforçarão o corpo de lideranças sindicais nos debates. Também participarão representantes de movimentos sociais brasileiros.
Conteúdo
As discussões se concentrarão principalmente em quatro áreas:
- A transformação do sistema energético, as transições setoriais e as estratégias de fortalecimento dos trabalhadores na construção das relações de poder.
- A crise do capital e da democracia, a ascensão do autoritarismo, a extrema-direita e a crise climática.
- Segurança alimentar, crise climática e o direito à terra como direito humano.
- Governança climática internacional e justiça climática.
Programação:
Após a abertura com a apresentação das entidades realizadoras do Fórum, serão realizados debates e plenárias ao longo dos dias.
17/10:
9h – Plenária “Do que falamos quando falamos de Transição Justa: Visões cruzadas entre América Latina, África, Europa, Ásia”
11h15 – Grupos de discussão: “Transição industrial verde – Propostas e impactos”, e “Capitalismo de plataforma na Economia Verde”
14h30 – Plenária “Dois lados da mesma moeda: o capitalismo verde e a direita global”
16h45 – Debate “América Latina e o mundo: posição dos sindicatos”
18/10
9h30 – Plenária “Processos de reestruturação da governação climática global: inter-relação entre os níveis regional e global”
11h15 – Grupos de discussão: “Financiamento justo para uma transição justa” e “Estratégias dentro e fora das COPs”
14h30 – Plenária Crise Climática, Ambiental e Alimentar – Políticas territoriais e uso da terra”
16h45 – Encerramento com apresentação e discussão do texto final e estratégia política do Fórum rumo ao futuro.
14° CONCUT
O Fórum Sindical Internacional por uma Transição Social e Ecológica faz parte da programação do 14° Congresso Nacional da CUT. O tema ‘transição justa’ fará parte das bases dos debates no Congresso da Central.
Um dos eixos da estratégia de luta proposta pela CUT para os próximos anos, a ser aprovada no CONCUT, trata do Desenvolvimento Sustentável e diz respeito à atuação na promoção, defesa e luta por proteção social, combate à fome, à pobreza e à precarização do trabalho.
Passa por políticas públicas, políticas de proteção ao emprego, valorização do serviço e de servidores públicos, geração de empregos de qualidade, moradias, mais investimentos em áreas essenciais, bem como em ciência e tecnologia.
Mas, em especial, no que se refere ao meio ambiente, a transição justa, todos esses elementos devem ser indutores de um desenvolvimento que se reverta, ou seja, beneficie de fato, à sociedade, em especial à classe trabalhadora. A transição justa do modelo produtivo atual para uma economia de baixo carbono, deve acontecer com o olhar para os trabalhadores e não para somente servir ao capitalismo.
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