CUT assume Secretaria Geral da Coordenadoria das Centrais Sindicais do Mercosul
Para Quintino Severo, dirigente escolhido para o cargo, prioridades da entidade serão a defesa da democracia, direitos humanos e protagonismo do movimento sindical para conquista de direitos trabalhistas
Escrito por 19 de maio de 2023A Coordenadoria das Centrais Sindicais do Cone Sul (CCSCS), por consenso da direção, indicou em reunião na última quarta-feira (17), o secretário adjunto de Relações Internacionais da CUT, Quintino Severo, para o cargo de Secretário-Geral da entidade, organismo que reúne as principais centrais sindicais do Brasil e dos países integrantes do Mercosul. A função principal é articular as centrais em uma luta conjunta pelos interesses comuns aos trabalhadores desses países.
Esta atuação se dá, em especial, pela luta por democracia, direitos humanos e direitos trabalhistas. “O conjunto dos dirigentes tem o papel e tarefa de discutir a ação sindical no âmbito do Mercosul”, reforça Quintino.
Para o dirigente, a CUT ter assumido papel de protagonismo na CCSCS é de suma importância. Ele explica que para os próximos tempos, especialmente com Lula na presidência do Brasil, há uma expectativa de fortalecimento do Mercosul.
“Ter a CUT na Coordenadoria das Centrais é um reforço para desempenhar esse papel de fortalecimento”, ele diz.
Quintino destaca ainda que o diálogo social deverá voltar a ter protagonismo, o que resulta em ampliação de conquistas sociais e da classe trabalhadora.
Na reunião que elegeu o novo Secretário-Geral, integrantes da Coordenadora das Centrais aprovam um documento com as principais diretrizes para o próximo período. Trata-se das prioridades da atuação do organismo e que envolvem:
1 – Defesa da democracia e dos Direitos Humanos
2 – Protagonismo do movimento sindical no Mercosul
3 – Integração produtiva
4 – Livre circulação de pessoas nos país do Mercosul
5 – Debater o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia
Ponto a ponto
Sobre a defesa democracia, Quintino Severo explica que o tema é pauta prioritária não só para o Brasil, mas aos outros países, que também viveram nos últimos tempos, ameaças de grupos autoritários.
Já sobre o protagonismo do movimento sindical, ele afirma que já, ao longo dos anos, tem havido uma influência direta em decisões do Mercosul. O reforço, ele diz, tem o propósito de fortalecer a defesa de direitos nas relações de trabalho e que os empresários respeitem os direitos e conquistas de cada país, determinados na Declaração Sociolaboral do Mercosul.
Entre seus pontos principais, o tratado tem como destaque “condições para o desenvolvimento econômico, com justiça social”, que requer “políticas que priorizem o emprego como centro do desenvolvimento e do trabalho de qualidade”.
Leia o que diz a Declaração Sociolaboral do Mercosul aqui
A integração produtiva, citada por Quintino Severo, diz respeito, em especial, ao fortalecimento da indústria nos países, que a exemplo do Brasil, vêm sofrendo ao longo dos anos, um processo de desinvestimento.
É prioridade ter uma integração da produção entre os países, que valorize o Mercosul enquanto bloco econômico e como bloco comercial. É estratégico promover a reindustrialização”, diz o dirigente.
Sobre a livre circulação de pessoas, Quintino considera que se há livre circulação de mercadorias, as pessoas também não podem ter barreiras nas fronteiras entre os países. “Queremos a mesma liberdade e capacidade de circulação”, ele pondera.
Acordo Mercosul – União Europeia
Considerado ponto nevrálgico para a atuação da Coordenadoria das Centrais, o acordo de livre comércio Mercosul-União Europeia, diz Quintino Severo, será tratado com urgência. Firmado em 2019, o acordo ainda precisa de ratificação pelos 27 países que compõem os dois blocos.
Em 2019, quando o acordo foi assinado, a Coordenadora se posicionou repudiando seu conteúdo. “É uma sentença de morte para as indústrias da região e, consequentemente, para a classe trabalhadora, tanto com relação a quantidade quanto a qualidade do emprego em ambas as regiões, além de resultar em situações imprevistas de deslocamento social”, dizia trecho da nota.
Leia mais: Nota da Coordenadoria de Centrais Sindicais do Cone Sul sobre acordo Mercosul-UE
“Vamos retomar o diálogo com a Confederação Sindical Europeia no sentido de termos, sobre o acordo, uma posição e ações conjuntas também nas questões interessam aos trabalhadores dos dois blocos”, afirma o dirigente que complementa dizendo que é necessária uma proposta menos nociva para os trabalhadores sul-americanos.
O próprio presidente Lula e membros de sua equipe têm afirmado que é necessário haver equilíbrio nas condições exigidas pela União Europeia e que não se pode exigir dos países da América do Sul ‘sacrifícios que comprometam o atendimento de suas permanentes demandas econômicas e sociais’.
Resistência das Centrais Sindicais
Nos últimos cinco anos, o movimento sindical fez resistência ativa contra a reforma Trabalhista no Brasil. O tema é parte da denúncia que as centrais sindicais brasileiras fizeram na Comissão Sociolaboral. “Deixamos claro que foi um forte ataque às relações de trabalho e que a comissão que foi afetada pela reforma. A CUT e o movimento sindical brasileiro tiveram apoio de argentinos, uruguaios e paraguaios no sentido de manter a denúncia viva e isso contribuiu para um reconhecimento da bancada dos trabalhadores de indicar a CUT para assumir a Secretaria Geral da Coordenadora”, disse Quintino.