Com taxa de desemprego mais baixa em 10 anos, trabalho com carteira assinada bate recorde
Segundo o IBGE, o desemprego recuou para 7,5% no trimestre encerrado em abril, atingindo a menor taxa desde 2014. Em paralelo, o volume de trabalhadores formais foi de quase 38,2 milhões, o maior nível dos últimos 12 anos
Escrito por 29 de maio de 2024São Paulo – A taxa de desemprego no trimestre encerrado em abril ficou em 7,5%, o menor nível desde 2014. O índice é considerado estável em relação ao trimestre anterior, em janeiro de 2024, que registrou 7,6% e 1 ponto percentual abaixo do apurado no mesmo período de 2023, de 8,5%. Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua), divulgada nesta quarta-feira (29) pelo IBGE.
A Pnad apura todas as formas de ocupação a partir de 14 anos de idade, seja emprego com ou sem carteira assinada, temporário e por conta própria, por exemplo. O total de pessoas desocupadas, ou seja, que não trabalhava e estava à procura de alguma ocupação no trimestre, ficou em 8,2 milhões, sem variação significativa em relação ao trimestre móvel encerrado em janeiro de 2024. O número, porém, é 9,7% menor que o apontado no mesmo período de 2023. Isso representa menos 882 mil desocupados.
Já o total de trabalhadores ocupados chegou a 100,8 milhões. O dado é considerado estável em relação ao trimestre terminado em janeiro. Mas em relação a 12 meses atrás, houve acréscimo de 2,8%, o que representa mais 2,8 milhões de pessoas com trabalho.
Tendências positivas
De acordo com a coordenadora de Pesquisas Domiciliares do IBGE, Adriana Beringuy, o cenário do emprego no país vem apresentando resultados positivos. “É um mercado de trabalho que segue com redução na taxa de desocupação e expansão no número de trabalhadores”, afirma.
A coordenadora cita dois elementos sazonais no trimestre encerrado em abril que explicam a estabilidade na desocupação em 2024: a redução do desemprego no comércio e a volta da contratação de trabalhadores do setor público nas áreas de saúde e educação, notadamente no ensino fundamental. “Já na comparação com o ano passado, o cenário é de manutenção de ganhos da população ocupada, trabalho com carteira assinada e rendimento do trabalhador”, completa.
Redução do desemprego e aumento da carteira assinada
Diante da queda no desemprego, o número de trabalhadores com carteira assinada chegou a 38,188 milhões, um recorde da série histórica da pesquisa, iniciada em 2012. O contingente de trabalhadores sem carteira também foi o maior, chegando a 13,5 milhões.
Com isso, a taxa de informalidade ficou em 38,7% da população ocupada. O que significa 39 milhões de trabalhadores informais, patamar próximo ao do trimestre móvel encerrado em abril de 2023 (38,9%). “A informalidade é muito significativa na composição da nossa população ocupada, mas, nos últimos trimestres, tem ficado relativamente estável”.
Rendimento
O rendimento médio do trabalhador ficou em R$ 3.151, alta de 4,7% em 12 meses. Os dados do IBGE revelam ainda que a massa de rendimentos, que é a soma das remunerações de todos os trabalhadores do país, chegou a R$ 313,1 bilhões. Outro recorde da série histórica e 7,9% acima do mesmo período de 2023. O resultado também é considerado positivo, uma vez que esse dinheiro serve para dinamizar a economia.
Calamidade no Sul e o impacto no desemprego
A Pnad Contínua divulgada nesta quarta ainda não traz impactos da calamidade causada por temporais que atingiram o Rio Grande do Sul no fim de abril e em maio. De acordo com Adriana, o instituto fará esforços para continuar apurando informações da região. A amostragem da pesquisa abrange 221,3 mil domicílios visitados trimestralmente em todo o país. Desses, 12,4 mil ficam no Rio Grande do Sul.
“Em alguns locais, a coleta está sendo feita presencialmente. Em casos em que houve dano a pontes, estradas e que não há condições de as equipes chegarem, estamos fazendo tentativa de contato por telefone, obviamente respeitando a disponibilidade do morador”, explica a coordenadora do IBGE. “Embora seja um momento extremamente difícil, é importante que a pesquisa seja feita justamente para retratar os impactos que a calamidade vai causar no mercado de trabalho local”, conclui.
Com reportagem de Bruno de Freitas Moura da Agência Brasil