Coletivo de Mulheres do Sinergia CUT promove Debate sobre o Combate à Violência Contra as Mulheres
Encontro híbrido aconteceu na sexta-feira (28)
Escrito por Débora Piloni 31 de março de 2025
A violência contra as mulheres é uma das formas mais graves de violação dos direitos humanos e permanece como um desafio urgente a ser enfrentado por toda a sociedade. Para fechar o mês de luta pelo Dia Internacional das Mulheres em 2025, o Coletivo de Mulheres do Sinergia CUT realizou, na última sexta-feira (28), um debate com o tema central: “Combate à Violência Contra as Mulheres”.
O encontro, realizado de forma híbrida, teve início com a apresentação dos participantes — dirigentes e trabalhadoras do Sinergia CUT, representantes da CUT, da Confederação Nacional dos Urbanitários (CNU) e de outras entidades da sociedade civil. A parte presencial aconteceu na sala de reuniões da sede do Sindicato, em Campinas (SP), enquanto diversas companheiras e companheiro acompanharam e participaram de forma online.
Roda de Conversa: a palavra foi inicialmente franqueada a todos, permitindo manifestações livres sobre o tema proposto. A discussão foi enriquecedora, abordando tópicos como estatísticas relevantes, Lei Maria da Penha e o novo projeto de lei em tramitação, que trata do monitoramento de agressores de mulheres por meio de tornozeleiras eletrônicas.
Violência de Gênero em Debate: a urgência do enfrentamento
Na sequência, o debate foi conduzido pela palestrante do dia, a advogada Thaís Cremasco, cofundadora do Coletivo de Mulheres pela Justiça. Thaís integrou a Delegação Brasileira na Organização Internacional do Trabalho (OIT), em Genebra, no ano de 2019, e atualmente representa a OAB na Comissão de Combate ao Assédio do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, com sede em Campinas.
Ela iniciou sua fala prestando uma homenagem à adolescente Lívia Emanuelle Meireles Florian, de 17 anos, que foi baleada no rosto e faleceu no último dia 26 de março. O principal suspeito do crime é o ex-namorado, de 20 anos, que está preso, mas nega o crime.
“Estamos hipernaturalizando as formas de violência. E não podemos continuar assim”, afirmou a advogada.
Em sua fala, ela resgatou e detalhou os cinco tipos de violência contra a mulher previstos na Lei Maria da Penha: física, psicológica, financeiro, moral e sexual.
Thaís destacou que o feminicídio é o ato extremo, mas que antes dele vêm o silêncio, o medo e a naturalização da violência. “A violência acontece tanto dentro quanto fora de casa, e se manifesta de diversas formas. No ambiente de trabalho, por exemplo, quando um colega não nos permite concluir uma fala ou se apropria de uma ideia nossa — isso também é violência.”
Por isso, segundo ela, é essencial pensar em formas institucionais de acolhimento às mulheres vítimas de violência. “São necessárias campanhas, ações concretas”, reforçou.
“A Lei Maria da Penha é uma legislação moderna, reconhecida internacionalmente, e já teve importantes avanços — como a ampliação de sua proteção a casais homoafetivos formados por homens e a mulheres travestis e transsexuais. Isso é fundamental, especialmente em um momento em que vivemos uma verdadeira epidemia de violência contra as mulheres”, afirmou.
Ela encerrou sua participação com um apelo direto: “Precisamos romper o silêncio. As mulheres precisam denunciar a violência. Estamos exaustas. Trabalhamos o dobro para ganhar menos. É preciso estar atentas”, concluiu Thais Cremasco.
A coordenadora do Coletivo de Mulheres do Sinergia CUT, Rosana Gazolla, também se pronunciou. Ela destacou que as mulheres do setor energético não estão se furtando à luta. “Temos debatido temas importantes, buscado ocupar espaços estratégicos e, na nossa Pauta de Reivindicações a ser enviada às empresas com as quais negociamos, incluímos uma proposta que contempla nossa categoria e olha com atenção para as mulheres: a Lei da Igualdade Salarial entre homens e mulheres.”
E finalizou com firmeza: “Temos lutado e continuaremos lutando pelo nosso espaço e pelo fim de toda forma de violência contra nós, mulheres!”