Sinergia CUT expõe sobre retirada de patrocínio no Inter Furnas-ENTFU
Os expositores pelo Sindicato foram o diretor Jurandyr Lorena Pimentel e o consultor Luciano Fazio, contratado pela entidade sindical. Evento começou na última segunda (22) e encerra amanhã (26), em Praia Grande
Escrito por 25 de janeiro de 2024A aprovação da incorporação da Furnas pela Eletrobras trouxe preocupação aos trabalhadores da subsidiária quanto aos impactos também nos planos de previdência complementar da Real Grandeza. O tema é o principal debate do Inter Furnas – ENTFU (Encontro Nacional dos Trabalhadores de Furnas), que começou na última segunda (22) e encerra amanhã (26), na Colônia de Férias do Sindicato dos Eletricitários de São Paulo (STIEESP), em Praia Grande (SP).
O Sinergia CUT participou como expositor/palestrante da mesa intitulada “Resolução CNPC 59 da Retirada de Patrocínio”. O diretor de Assuntos dos Aposentados e Fundações de Seguridade do Sinergia Campinas, Jurandyr Lorena Pimentel, também diretor coordenador da Regional II – São Paulo da Anapar (Associação Nacional dos Participantes de Fundos de Pensão) e conselheiro Deliberativo eleito da Vivest, e o consultor em previdência, economia e trabalho Luciano Fazio, matemático pela ‘Universitá degli Studi’ de Milão/Itália, especialista em Previdência pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) e autor do “O que é Previdência Social”, foram os responsáveis pela explanação.
A apresentação de Pimentel e de Fazio aconteceu na terça (23). “O câncer da privatização da Eletrobras, feita na gestão de Jair Bolsonaro em 2022 reduzindo a participação acionária do Brasil na companhia, trouxe seus primeiros sintomas que irão atingir todos os trabalhadores do sistema Eletrobras ativos e assistidos(aposentados) em seus benefícios de previdência e saúde”, afirmou Pimentel.
📷 Divulgação
Participação
“Foram debatidos, além da retirada de patrocínio, a transferência de gerenciamento que se pretende na Eletrobras, tão ou até mais nociva, para os trabalhadores ativos e aposentados caso não haja o engajamento e a participação de todos os trabalhadores ativos e aposentados na defesa de seus benefícios de previdência e saúde”, explicou Pimentel. “Nós do Sinergia CUT parabenizamos a iniciativa dos representantes e organizadores dos trabalhadores de Furnas e nos juntamos na luta.”
Em consequência da privatização da Eletrobras e, por consequência da subsidiária Furnas por meio da incorporação que ainda depende de aprovação de alguns órgãos, como a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), os trabalhadores estão estudando os possíveis impactos também nos planos de previdência complementar.
Por isso, Fazio tratou na mesa sobre a retirada de patrocínio (fim dos compromissos da empresa patrocinadora para com um ou mais dos planos de benefícios já existentes), que – em dezembro último – foi objeto de nova regulamentação do órgão regulador do sistema, por meio da Resolução CNPC 59. Informou que a nova resolução se aplica a todos os processos em andamento.
“Destaquei o que essas mobilizações, como a do Sinergia CUT, trouxeram de avanços. Primeiro, a exigência de que a patrocinadora comprove o cumprimento dos compromissos de programas de privatização e acordos trabalhistas e, ainda, a impossibilidade de a empresa se apropriar de quaisquer recursos do plano de benefícios objeto da retirada”, disse.
O segundo avanço, segundo Fazio, é “a obrigação de instituição de um plano de benefícios de previdência associativa (de contribuição definida) para receber automaticamente os participantes e aposentados do plano objeto da retirada, prevendo o Fundo de Longevidade para impedir a cessação do pagamento do benefício para os que – tendo optado pela renda vitalícia – tiverem o saldo da conta individual esgotado”.
Entenda o caso
A Eletrobras foi privatizada no governo Bolsonaro, em 14 de junho de 2022. A companhia iniciou os estudos para incorporar a Furnas em agosto de 2023. Em 25 de novembro passado, por meio de fato relevante, o CA (Conselho de Administração) da companhia aprovou a convocação da AGE (assembleia geral extraordinária) para o mês seguinte, mas ela suspensa após trabalhadores acionarem a Justiça.
Em 11 de janeiro, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes liberou a realização de uma assembleia para decidir sobre a incorporação de Furnas, depois de duas semanas de briga judicial. A AGE aconteceu no mesmo dia e a companhia aprovou a incorporação, mas que depende ainda de aval de outras condições.
Com a incorporação, a Fundação Real Grandeza divulgou no último dia 19 um comunicado aos participantes informando que a decisão do Conselho Administrativo da Eletrobras de incorporar a elétrica Furnas, em 11 de janeiro último, transfere dessa para a companhia o patrocínio dos seus planos de benefícios. O texto do comunicado diz que “a Eletrobras passará a responder por todos os direitos e obrigações que anteriormente eram de responsabilidade de Furnas. Isso inclui os planos previdenciários de ativos e assistidos de Furnas geridos pela Real Grandeza”. Entretanto, a entidade informou que “o modelo de operação a ser adotado ainda não está totalmente definido”.
A Real Grandeza já informou que a Eletrobras em correspondência, enviada em 28 de dezembro passado, solicitou que fosse providenciada “a cisão do Plano de Benefício Definido (BD), de modo que o patrimônio constituído por Furnas e seus empregados fosse devidamente separado do patrimônio formado pela Eletronuclear e seus empregados”. Isso porque a Eletronuclear, a outra patrocinadora desse plano, não foi incluída na privatização de Bolsonaro e permanece sob o controle da União.
Outra medida determinada pelo CA da Eletrobras é a adesão de suas subsidiárias integrais ao Plano CD Puro Elosprev, administrado pela Fundação Elos, “a fim de que esse plano passe a ser oferecido aos novos empregados do grupo”. De acordo com a Real Grandeza, “planos dessa modalidade atualmente ofertados pelas entidades das subsidiárias, caso do Futurus da Real Grandeza, deverão ser fechados às novas adesões”. As determinações da Eletrobras também incluem a segregação das atividades de saúde em relação às atividades de previdência.